domingo, 16 de julho de 2023


 Eu Esperei

Eu escutei por muito tempo o barulho da água nas fontes
Escutei o vento cantando infinitamente
Ondas de silêncio e paz
Muito distante nas minhas lembranças
A infância é um oceano imenso
E eu sonhei por muito tempo em um lugar distante
Onde nada acontece, mas onde nada é esquecido
Eu fui ingênuo sem saber
A última chama que se apagou
Eu só esperei por você porque eu sabia que viria
Eu esperei, eu esperei
Eu esperei por sua presença
Para explicar finalmente
O porquê deste adeus
Por toda essa longa espera
Eu esperei, eu esperei
Pelo toque do seu corpo
O toque de suas mãos
Meu porto seguro, meu norte
Indo em direção aos meus sonhos
Eu me aproximei dos jovens conversando na estação
Dúvidas, jogos, má sorte
E lembrei dos cursos
Músicas e palavras francesas
Os eternos amantes
Muitas pessoas como nós no estudo ou na ciência
Destinos feitos de aventuras, dos registros ou do dinheiro
Vidas da escrita e da viagem ou do sonho do poder
Eu pensava em você enquanto olhava o relógio
Escutando o vento
Eu esperei, eu esperei
Eu esperei por sua presença
Para explicar finalmente
O porque deste adeus
Por toda essa longa espera
Eu esperei, eu esperei
Eu esperei por seu amor
Pelas suas palavras bonitas sobre o amor
Eu o esperei para finalmente viver
O momento em que seria feliz
Eu esperei...


 Que você se cure das desculpas que nunca vieram, do perdão que nunca chegou.

Que você se cure do silêncio que deixaram quando tudo que você queria era uma explicação.

Que você se cure da falta de respeito e entenda que nem sempre o outro vai ter a mesma consideração e isso não diminui o que você é.

Que você se cure das promessas que nunca se cumpriram, das palavras que não se tornaram atitudes.

Que você se cure do adeus sem despedida, do vazio que fica quando alguém que amamos decide ir e não nos levar juntos.

Que você aceite que quem te feriu não vai te curar, porque muitas vezes, essa pessoa nem tem dimensão da ferida que ficou aberta no seu peito.

Que você se cure de quem te magoou.

Que você se cure de todas as vezes que se doou e doeu na mesma proporção.

Que você se cure, pois nada nessa vida te faz mais forte do que superar o que um dia te magoou.

quinta-feira, 13 de julho de 2023


De todas as lições que a vida está me ensinando, a principal é essa:

Há decisões que temos que tomar, há medos que devemos enfrentar, há solidões que precisamos suportar, há lágrimas que precisamos derramar, há recomeços que precisam florescer de alguma forma dentro de nós.

Porque mesmo quando pensamos que não somos capazes de suportar algo, o tempo vai mostrando que somos mais fortes do que pensamos e mais corajosos do que imaginávamos ser.

💔

 

quinta-feira, 29 de junho de 2023


 GALADRIEL SENDO GALADRIEL 


"Seu nome materno era Nerwen ('donzela-homem'), e ela atingiu uma altura além da medida até mesmo das mulheres dos Noldor; era forte de corpo, mente e vontade, rivalizando tanto com os sábios como com os atletas dos Eldar nos dias da juventude destes." (Contos Inacabados)

"Relato da querela de Galadriel com os filhos de Fëanor no saque de Alqualondë. Como ela lutou junto com Celeborn. Mesmo assim, foi para o Exílio porque, embora não amasse os filhos de Fëanor, pessoalmente era orgulhosa e rebelde e desejava liberdade." (A Natureza da Terra-média)

Carta 320 - para a Sra. Ruth Austin (25 de janeiro de 1971)

"...mas na verdade Galadriel era uma penitente: em sua juventude uma líder na rebelião contra os Valar (os guardiões angelicais). Ao final da Primeira Era, ela orgulhosamente recusou o perdão ou a permissão para retornar. Ela foi perdoada por causa de sua resistência à tentação final e esmagadora de tomar o Anel para si mesma."

Carta 348 - para a Sra. Catharine Findlay (6 de março de 1973) "último ano de vida de Tolkien"

"Galadriel, como todos os outros nomes de pessoas élficas em O Senhor dos Anéis, é uma invenção minha. Está em forma Sindarin (vide Apêndices E e F) e significa 'Donzela coroada com cabelos brilhantes'. E um nome secundário dado a ela em sua juventude no passado distante porque ela possuía um longo cabelo que brilhava como ouro, mas também era raiado de prata. Na época ela era de disposição amazona e prendia seu cabelo como uma coroa quando tomava parte em feitos atléticos."

Significado de Amazona:

Substantivo feminino

"Mulher valente, guerreira, destemida. Mulher que monta a cavalo."

Considerando também a afirmação de Carl Hostetter (um tolkienista famoso e muito conceituado dentro do meio tolkieniano, e conhecedor profundo da obra de Tolkien, tendo sido amigo próximo de Christopher Tolkien, do qual recebeu permissão especial para publicar textos inéditos e reveladores de Tolkien que se tornaram o livro "A Natureza da Terra-média") de que Galadriel era de fato uma guerreira em sua juventude (antes da Terceira Era) além do fato de que o próprio Tolkien em vida ter descrito ela dessa maneira a chamando de Amazona em uma carta no seu último ano de vida (além de deixar bem claro que ela era uma rebelde e líder da rebelião contra os Valar e que lutou contra Fëanor e seus filhos no Fratricídio, e que os seguiu buscando vingança), assim podemos ver que as intenções de Tolkien eram realmente essas, como ele mesmo escreveu que a sabedoria de Galadriel só se tornou plena e que ela deixou tudo para atrás após conseguir o que buscava, ou seja, poder (o Anel Nenya) e um reino só seu (Lothlórien). E essa imagem é maravilhosa e eu sou apaixonado por ela 😍

Créditos da imagem ao Pinterest

#Eärendil

quarta-feira, 21 de junho de 2023

TESTAMENTO PARTICULAR

 TESTAMENTO PARTICULAR

 

Eu, CHARLES NAZARENO BORGES DE MESQUITA, brasileiro, solteiro, psicopedagogo, RG nº 1960943, expedida por SSP-PÁ, CPF: 575809012-34, residente em:

 

Conjunto Porto Laranjeiras; Quadra 07; Rua Santa Izabel, nº 290; Tenoné - Belém - Pará - CEP: 66820 – 071

 

Estando em perfeito juízo e em pleno gozo de minhas faculdades mentais, livre de qualquer sugestão, induzimento ou coação, deliberei fazer o meu testamento, na presença das seguintes testemunhas:

 

1.GIZELE ADRIANA BORGES BARROS LOPES, brasileira, viúva, psicóloga, RG nº 2385024, expedida por SSP - PÁ, CPF nº 59401230234, residente em:

 

Passagem Eunice Weaver, nº 145, Sacramenta - Belém - Pará - CEP: 66083 – 290

 

2.VALÉRIA CRISTINA BORGES BARROS, brasileira, casada, fisioterapeuta, RG nº                     , expedida por SSP - PÁ, CPF nº              residente em:

 

Passagem Eunice Weaver, nº 145, Sacramenta - Belém - Pará - CEP: 66083 – 290

3.

 

Não tenho herdeiros necessários, pelo que disponho em testamento da integralidade de meu patrimônio.

 

I – DO LEGATÁRIO

 

Nomeio como legatário a seguinte pessoa:

GIZELE ADRIANA BORGES BARROS LOPES, brasileira, viúva, psicóloga, RG nº 2385024, expedida por SSP - PÁ, CPF nº 59401230234, residente em:

 

Passagem Eunice Weaver, nº 145, Sacramenta - Belém - Pará - CEP: 66083 – 290

 

Para ela será deixado o seguinte legado:

Casa térrea no Conjunto Porto Laranjeiras; Quadra 07; Rua Santa Izabel; nº 290 - Tenoné - Belém - Pará - CEP: 66820 – 071. Assim como todos os móveis e objetos que se encontram neste domicílio.

Se o legatário supracitado não receber o bem da herança, por qualquer motivo, este será destinado aos seus herdeiros.

 

II – DO ENTERRO:

Desejo que o meu enterro seja feito da seguinte forma:

Sem divulgação pública da causa mortis; sem músicas; sem fotos; sem velório; sem missas em qualquer data ou qualquer outro procedimento fúnebre; sem velas; sem flores; muito menos aquelas “coroas” de plástico horrorosas; sem aglomerações e por fim, sem tristeza ou lágrimas. Dependendo da situação de minha passagem, gostaria de ser enterrado no mesmo dia ou o mais breve possível. TODOS OS OBJETOS ESTRITAMENTE PESSOAIS COMO DOCUMENTOS; CARTAS PESSOAIS; DIPLOMAS; LIVROS; OBJETOS E ROUPAS DE CUNHO RELIGIOSO DEVEEM SER QUEIMADOS ATÉ AS CINZAS, SEM JAMAIS SEREM DISTRIBUÍDOS COMO LEMBRANÇAS OU SOUVENIRS A NINGUÉM.

 

III – DO TESTAMENTEIRO

 

Nomeio como testamenteiro, a fim de executar. Este testamento desde a abertura de minha sucessão:

GIZELE ADRIANA BORGES BARROS LOPES, brasileira, viúva, psicóloga, RG nº 2385024, expedida por SSP - PÁ, CPF nº 59401230234, residente em:

 

Passagem Eunice Weaver, nº 145, Sacramenta - Belém - Pará - CEP: 66083 – 290

Será dada a seguinte recompensa pelos serviços do testamenteiro:

Ao testamenteiro, como antes acordado será destinado a casa citada neste documento para que seja concretizada a venda e assim custear as despesas oriundas de tal enterro. E se sobrar algum valor, este ficará à disposição do referido legatário para o que for necessário, inclusive para uso pessoal do mesmo.

Por fim, declaro ser esta a minha única declaração e última vontade, não existindo testamentos anteriores.

 

Dou assim, por concluído este meu testamento particular:

 

 

__________, _____ de ______ de _____________.

 

 

TESTADOR:

 

CHARLES NAZARENO BORGES DE MESQUITA

 

TESTEMUNHAS:

 

GISELE ADRIANA BORGES BARROS LOPES

 

VALÉRIA CRISTINA BORGES BARROS

segunda-feira, 5 de junho de 2023


 Você quase não sabe nada sobre mim.       
                 

 Uma vez fui morar no alto da colina e fiquei tão abismada com a beleza natural, o rio, a cachoeirinha, a mata, que empilhei uma casa apoiada nas pedras. Morar na casa da colina mudou tudo. Mudou a mim, mudou a vida. Lá, como não havia eletricidade, eu dependia de lampiões e candeeiros para me locomover com gentileza pelo escuro. De noite via os vagalumes incendiando o breu. Se a noite estava estrelada, eu dormia fora de casa e me deslumbrava. Tanta estrela me transportava pra um céu acolhedor. Só tinha anjo lá. 

A casa me ensinou a pertencer a um lugar. O lampião iluminava o ambiente, mas o candeeiro era íntimo. Eu mesma carregava luz por onde ia. Havia uma sensação de amor, difícil de explicar. Era como se eu estivesse transportando amor. Uma carregadeira de amor.

Você não me vê assim, vê?

Pois esta sou eu.

Candeeiro - Carmen Oliveira

❤️

domingo, 9 de agosto de 2015

A TERNURA DE MEU PAI


Meu pai era um homem terno. Gostaria de estar com ele. Gostaria de ter tido o poder de prolongar o tempo. O tempo das prosas de tantos entardeceres. Juntos. Infância regada a exemplos. Gentileza natural nascida na crença de que o outro merece sempre o nosso melhor.
Calvários doloridos os de meu pai. Foi preso, injustamente, na época da ditadura Vargas. Trabalhou com afinco. Primeiramente, para ajudar os pais. Limpou escolas, plantou em hortas, vendeu na feira, trabalhou no comércio, virou comerciante, empresário, construtor. Não teve oportunidade de estudar. Estudou, entretanto, a alma humana, com tamanha delicadeza e paciência que se formou mestre na área complexa de compreender que o outro merece ser respeitado. 

Sofreu meu pai pela morte de dois filhos. Chorou a inversão da lógica. Um morreu aos 21 anos, acidente de carro. O outro de complicações no pulmão, aos 33. Tinha síndrome de Down. Era o centro da casa. Alegria contagiante de quem não tem economia em expressar os sentimentos.
Era profundamente religioso. Gostava do sagrado. Das celebrações eucarísticas. Da comunhão com os seus irmãos. Da reza silenciosa em sua cadeira de balanço. Esta é uma das lembranças mais lindas que tenho dele. Rezando. E eu, cheio da curiosidade de criança, queria saber o que ele pedia a Deus, em oração. Ele fazia segredos, sorria, dizia que eu fizesse o mesmo e que deixasse meu coração ir dizendo, apenas isso. "Deus escuta o nosso coração", dizia-me ele, com um sorriso generoso. O coração é a metáfora do que se sente. De onde dói. Do que faz bem. Dos sonhos que servem de combustível para prosseguir.
Meu pai era um homem bom. Soube partilhar o seu dinheiro. Dizia que Deus fizera dele um velhinho rico e que era preciso cuidar dos velhinhos que não tiveram a mesma sorte. Ainda hoje, na minha amada terra natal, Cachoeira Paulista, há o Asilo dos Vicentinos que ele construiu.
Meu pai era um homem trabalhador. Com o tempo, comprou um sítio e, ali, plantava café. Gostava da terra. De plantar e de colher. Um dia me confidenciou que pedia a Deus que não o deixasse em uma cama enfermo, como seu irmão mais velho. Era triste demais viver sem trabalhar. E que queria morrer trabalhando. E, assim, ele foi. Depois de um casamento. Depois de uma festa. A partida. Dolorosa partida. Rápida como ele queria. Difícil para os que dele se alimentavam de sua ternura.
Falo de meu pai como exemplo de um amor que nos molda. Cada um tem sua história afetiva com seus próprios pais. Alguns sofreram mais com pais violentos ou ausentes ou, estranhamente, pouco amorosos. O amor é elo sem o qual a engrenagem familiar não funciona. Mas mesmo os que lamentam os erros dos pais, em algum momento, podem mergulhar nos seus acertos. Ninguém erra ou acerta o tempo todo. Conheço filhos que lastimam, o tempo todo, os erros dos pais. Que contam histórias de alcoolismo e de exemplos desagradáveis. Mas e os afetos?  E os bons momentos que, não raro, ocorreram? A memória não pode abandoná-los. Até mesmo o sentimento de falta do pai, no dia de hoje, que muitos devem estar sentindo, é um indício de que há o desejo de que, ao menos, “aquele momento” estivesse ainda presente. 
No dia dos pais, símbolo que nos ajuda a refletir, valem alguns dizeres aos pais que estão por perto. Se falta dinheiro para o presente, vale a presença de palavras que agradecem, que celebram, que reconhecem. Vale a presença de gestos de amor. Se eu pudesse, abraçaria longamente, meu pai, neste dia. Se eu pudesse deitaria em seu colo e brincaria com ele para ver qual das mãos é a maior: a dele ou a minha. Ele tinha mãos grandes. E eu dizia que, um dia, as minhas seriam maiores que as dele. E brincávamos de medi-las. Ele sempre ganhava. Na época de sua morte, repetimos emocionados “nossa” brincadeira e eu lhe disse que as dele continuavam maiores. Ele piscou, sorriu e disse que, há algum tempo, percebia que eu dobrava um pouco os dedos para que a mão dele continuasse maior. Mas que ele tinha muito orgulho de saber que as minhas mãos eram maiores que as dele. Que, para um pai, isso não era um problema. E que sonhava que eu continuasse crescendo. Nas mãos, no caráter, na vida e nos sonhos de construir um mundo melhor. De ser bom. De ser uma pessoa de bem.
Meu pai compreendia as minhas inquietudes. Ouvia os meus lamentos. Celebrava as minhas conquistas. Pai é assim. Presença que acalma e que alimenta de vida a vida dos seus filhos. Um filho que nega os pais é como árvore sem raiz. Nutrimo-nos do solo que nos gerou e devemos a ele voltar sempre na presença dos nossos pais ou na memória do que eles em nós plantaram.
Tento reproduzir a sua ternura. Sou ainda um aprendiz.
Feliz dia aos pais!

Ao meu pai José
Pai querido, é pena que já partiste
És saudade presente
Do tempo que, na minha mente,
Ainda existe
Os teus olhos tão vivos, tua mão, que suave
Conselhos constantes e os gestos marcantes
De quem ensina sem desanimar
Tua voz tão segura e plena de amor
Caminho infinito de quem, qual num rito
Toma cuidado para não deixar dor
Caminhas comigo, em cada momento
Vives ao meu lado em qualquer ação
Orienta meus passos teu ensinamento
Inteligência não vive sem o coração
Tu és simples sapiência, bondade, és motor
Princípios eternos, valores presentes
Prolongam no tempo o belo exemplo
O teu grande valor, sempre sem medida
Valor de oração, de trabalho diário
Suave encanto presente na vida
E teu romantismo : único amor
Exemplo de vida, marcante, constantes
Meu jamais esquecido, poeta sonhador
E teu romantismo : mamãe era rosa
Flor e princesa, único amor
Exemplo de vida, marcante, constante
Meu, jamais esquecido, poeta sonhador
E teu romantismo : mamãe era rosa
Flor e princesa, único amor
Exemplo de vida, marcante, constante
Meu, jamais esquecido, poeta construtor
Pai querido.

(Gabriel Chalita)

POSTADO POR CHARLES MESQUITA.